A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS MUSICAIS
A importância dos jogos
vem de tempos remotos (Platão, Aristóteles, Montaigne), mas Froebel foi quem introduziu essa forma
de aprender no currículo da Educação Infantil e hoje utilizamos diariamente em
nossas escolas.
Para Campagne (1989) o
jogo envolve dois aspectos:
- função lúdica:
quando escolhido livremente para diversão, prazer e até para lidar com as
frustrações da perda.
- função educativa: utilizado para ensinar o indivíduo em
todos os aspectos e para sua compreensão de mundo.
O educador tem o papel de
manter o equilíbrio dessas funções, incentivar os alunos a participar das
brincadeiras, como também acompanhá-los brincando com prazer.
Alain (1957) enfatiza o jogo como
aprendizado pelo erro e consequente busca de soluções.
Chateau (1987) menciona o aspecto do
aprendizado moral, cumprimento de regras e integração do grupo.
Kishimoto (2003) diz que o jogo tem dois
sentidos:
- sentido amplo: como meio de exploração dos locais
organizados pelo professor, com o objetivo de desenvolver de forma global o
indivíduo;
- sentido restrito: como situações que necessitem de
orientação para a aquisição de alguns conteúdos e habilidades intelectuais. Com
essa função é chamado de jogo didático.
Por possuir elementos do
cotidiano se torna muito mais fácil aprender por meio dos jogos, pois desperta
o interesse da criança, que se torna sujeito ativo no processo. Produz também
excelentes resultados psicomotores e agrega conhecimento.
Se o aluno se envolver no
planejamento, elaboração e no jogo em si, os objetivos se ampliam para o
exercício e o desenvolvimento de habilidades, como meio de evitar doenças e
distúrbios de aprendizagem ou comportamento, assim como terapia de tais
distúrbios.
Dessa forma a utilização
dos jogos na educação musical assume papel importante principalmente no início
da musicalização.
Para crianças pouco estimuladas ou com baixa autoestima, a participação ativa em jogos musicais é bastante gratificante, pois ela não somente aprende e se diverte, como desenvolve o aspecto físico, mental e psíquico, atuando de forma mais íntegra na família e na sociedade.
Para Luiz Roberto Perez, maestro formado pela Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São Paulo) os efeitos da música sobre nosso equilíbrio emocional e nosso corpo são evidentes. Além de ter o poder curativo ela também tem a força de agir como prevenção de doenças físicas e emocionais.
Pedagogicamente falando,
através da utilização dos jogos na música, também percebemos que podemos
atingir os alunos rapidamente e de forma mais abrangente, inclusive adaptando
as atividades para alunos com maior comprometimento de desenvolvimento.
Crianças com problemas de comportamento e integração também se beneficiam das
atividades musicais melhorando significativamente.
Portanto devemos tomar
alguns cuidados para atingir nossos objetivos sem ferir a individualidade de
nossos alunos. Com isso em mente e para melhor aproveitamento das aulas é
necessário ressaltar alguns pontos:
- respeitar as limitações
de cada um e procurar o potencial a ser explorado em todos.
- para trabalhar com o aluno em sua totalidade, é necessário usar
a criatividade na escolha de atividades, para atingir as necessidades da turma.
- estimular a capacidade criativa dos alunos.
Os jogos musicais
portanto:
- ajudam no desenvolvimento natural das crianças.
- aliviam a tensão interior.
- proporcionam grande prazer, pelo aspecto lúdico e desafiador.
- promovem a reeducação do comportamento aumentando a disciplina.
- aumentam a autoconfiança.
- transferem os comportamentos instintivos para outros interesses.
A seguir sugerimos algumas
atividades e adaptações de atividades comuns em aulas de musicalização:
Canto de
entrada
Objetivos: apresentação e socialização, noção de tempo e espaço.
Música: Alô
Procedimento:
- ao som da música as crianças andam se movimentando pela sala e
ao chegar o momento do cumprimento, elas dão as mãos e se abraçam com o colega
que estiver a sua frente. Repetem várias vezes.
- repetir a atividade, mas dessa vez ao término da música deverão
estar em seus lugares ao término da música.
Improvisação
com instrumentos
Objetivos: percepção auditiva, identificação de timbre, criatividade,
atenção.
Música: Chuva caindo
Material: instrumentos de bandinha
Procedimento:
- os instrumentos deverão estar espalhados pela sala no meio da
roda de crianças.
- ao som de uma música as crianças andam pela sala. Quando a
música para as crianças igualmente param e ficam em frente ao instrumento mais
próximo (os instrumentos escolhem as crianças).
- não deverão tocar nos instrumentos até que algum som seja
requisitado.
- acompanhando a música deverão criar sons da chuva (folhas
caindo, pingos, vento, chuva forte, latinhas e objetos rolando no chão, etc.).
- esses instrumentos poderão ser substituídos por objetos de
sucata como saquinhos plásticos, chaves, tampinhas de refrigerante, folhas de
radiografia, potinhos com pedrinhas ou algo parecido dentro, etc.
Jogo da
memória
Objetivos: percepção auditiva e timbre, memória, associação,
atenção conceitos de igual e diferente.
Material: pares de potinhos com sons iguais e outros bem
diferentes.
Procedimento:
- as crianças deverão encontrar potinhos com sons iguais e formar
os pares.
- para crianças menores o professor pode pintar os pares com cores
iguais.
- pode também ser feita uma prancha de papelão dividida em
quadrados lado a lado, onde será colocado um potinho de determinada cor e a
criança procura o outro e coloca ao lado do primeiro. Esse pode ser um recurso
para crianças com problemas de memória e organização.
Troca
troca de lugar
Objetivos: Percepção auditiva, atenção, orientação espacial,
identificação de sons e timbre.
Material: Alguns instrumentos.
Procedimento:
- jogo parecido com coelhinho sai da toca, com troca de lugar nos
círculos.
- o professor toca um instrumento para sair do lugar e outro para
ficar (combinado antecipadamente), podendo posteriormente trocar de instrumento
ou comando.
- o professor pode também tocar o instrumento sem que as crianças
vejam qual é, o que exige mais atenção e conhecimento dos sons.
Referências
Bibliográficas:
·
LOURO, Viviane dos Santos; ALONSO, Luiz Garcia; ANDRADE, Alex Ferreira de Educação Musical e
Deficiência: Propostas Pedagógicas.- São José dos Campos, SP: Ed. Do Autor,
2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário